quinta-feira, 11 de abril de 2013

Feliciano não me representa...nem quem tenha o mesmo caráter que ele!!!


O discurso “Feliciano não me representa”  tem sido o brasão das redes sociais há um bom tempo. Vejo várias postagens das mais criativas formas, vejo artistas mobilizados para protestar contra o mesmo, vejo uma infinidade de compartilhamentos de tudo que aparece a esse respeito, mas isso tudo me entristece.

Não que eu concorde em alguma coisa com as atitudes repugnantes e discriminatórias de quem deveria defender os direitos humanos, muito pelo contrário, tenho total repulsa a esse senhor. O que me deixa triste é ver o quão inacreditavelmente as pessoas são manipuladas.

Digo isso pelo seguinte: no exato momento que a notícia de que Feliciano renunciaria se os petistas condenados saíssem também, vi os comentários de muitas pessoas na minha timeline simplesmente desaparecerem. Agora, como posso eu criticar um dito criminoso e defender outros? Não estaria eu, seguindo essa linha de raciocínio, sendo hipócrita?
Não quero que isso fique registrado como um posicionamento partidário, porque não é. Mas me chamou muito atenção por ver pessoas que se dizem “ativistas” simplesmente calarem os dedos.

Enquanto posta-se vídeos de pregações falando que John Lennon foi assassinado pela vontade de Deus (o que me deixa profundamente e particularmente indignada) ou que Caetano fez pacto com o Diabo para fazer sucesso...enquanto se compartilham centenas de montagens criticando o valor do tomate, deixa-se de prestar atenção na questão da PEC 37, que caso seja aprovada, acarretará em um retrocesso “nunca visto antes na história desse país” – com o perdão do trocadinho. Em resumo, ela transfere um poder de investigação que hoje é do Ministério Público no que diz respeito aos nossos queridos políticos, entregando-o de bandeja para a força policial, olha que lindo. Se, e apenas SE as corporações fossem confiáveis, as pessoas não se corrompessem com tanta facilidade e as mazelas políticas não falassem mais alto que qualquer outra coisa no Brasil il il, isso TALVEZ desse certo, mas qualquer pessoa – por mais alienada que seja – consegue vislumbrar a catástrofe que isso representa.

Se hoje a impunidade já toma café na cozinha de Brasília (e de todo o resto do país), com a aprovação da PEC 37 ela entrará, deixará o sapato atirado na sala, colocará o pé em cima da mesinha e pedirá pro povo (sim, eu e você) servir um cafezinho.
Não quero, com isso, dizer que as manifestações não são válidas, muito pelo contrário, é esse o caminho. Mas é preciso que pare de se comprar o que a mídia vende e se preste atenção no que realmente acontece.

O que parece na repercussão e mobilização com a questão do Feliciano é, metaforicamente falando, aquela brincadeira de “olha lá um avião...hahaha...peguei seu lanche”. Precisamos evitar que nossos olhares sejam desviados do que realmente interessa.

Vamos reclamar sim que haja uma pessoa descente defendendo os direitos humanos, assim como reivindiquemos que um médico seja ministro da saúde, um professor ministro da educação, um administrador/gestor seja ministro do esporte, o ficha limpa seja definitivamente aplicado e não tenhamos mensaleiros (de partido nenhum) nos representando, partidos (inclusive o partido da presidência) não declarem em manifestos pela internet apoio a situações delicadíssimas de hostilidade entre outros países (e que quando o fizerem, assumam), dinheiro da união não vá para o exterior em forma de empréstimo para quem quer que seja e nem auxilie bilionários enquanto o povo é assolado por falta de estrutura na saúde/educação/segurança/saneamento básico/mobilidade urbana, etc., o tomate não seja o foco e sim a inflação descontrolada, Malafaia não ganhe prêmios, vagas em escolas e hospitais sejam mais importantes que vagas em estádios para Copa do Mundo e pessoas com formação superior sejam regra (e não exceção) – pois é só em um universo de profissionais educados e capacitados que o Brasil pode sonhar em ser diferente.

Tenho certeza que, em algum lugar, já postei a música Perfeição (Legião Urbana) devido ao seu conteúdo político, analítico e realista, mas deixo-a aqui novamente para lembrarmos que a mesma foi composta há duas décadas e ainda é atual, infelizmente. 

Vamos reivindicar, reclamar, gritar – por que não? – pelo todo. Enquanto o todo não for atendido, a parte não enxergará solução. 


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