sexta-feira, 5 de junho de 2015

O recomeçar sem romantismo.

Hoje não falo de política, nem sociedade, nem critico ou exalto nada. Na verdade, falo comigo e pra mim, refletindo a letras postas sobre minha vida e decisões e mudanças e sonhos (frustrados ou não)... Hoje, mais do que nunca, faço do blog realmente minha penseira.

Sempre que vejo alguém falando/escrevendo sobre recomeço o tom da conversa é muito claro: como é lindo, como é glamouroso, nobre é aquele que tem a coragem de recomeçar. No entanto, alguém que fala isso já recomeçou alguma coisa algum dia na vida? Porque se o fez e achou assim, tão maravilhoso, acho que hoje trilho o caminho errado.

Há três meses fiquei desempregada. Posso atribuir vários sinônimos ao desemprego: desespero, angústia, preocupação, dor de estômago, noites em claro, e por aí vai. Mas um passo além da negatividade surgiu uma nova possibilidade: sair de um emprego/função que eu nunca gostei (apesar de ter ficado nele durante anos) e batalhar pelo meu projeto de vida: voltar para e Educação. Lá vou eu com mais romances!

Solução: Ir embora de Porto Alegre, cidade que sou apaixonada e que o marido ama e sente muita falta, para mudarmos para Blumenau, cidade que também gosto (local onde meus pais moram, logo, o processo é um tanto quanto facilitado pra mim), menor, com mais possibilidades de emprego, custo de vida mais aceitável, essas coisas práticas e óbvias para quem analisa de fora, mas difíceis para quem vive a opção feita. Uma total readaptação. TOTAL.

Estamos nós aqui, os dois, recomeçando. O recomeço em si não me afeta nem preocupa. Somos jovens ainda, temos o apoio de nossas famílias, temos saúde e disposição para batalhar pelos nossos objetivos. O que assusta é a falta de rumo, norte, direção. Chamem como quiserem!

Aí alguém me diz: aaaah, mas você quer recomeçar com o caminho trilhado? Não é assim, sentir-se perdida é normal. Ok, até entendo. Mas porque entendo tenho que gostar ou me sentir confortável com a situação? Não.

Parece um momento de cegueira. Não se sabe onde procurar emprego. Não se sabe quanto esperar. Não se sabe o que vai acontecer amanhã. Simplesmente não se sabe. E pra mim que sempre fui tão dona da minha vida, o “não se saber” desce goela abaixo, só por falta de opção.

Provavelmente daqui um tempo olharemos para trás e diremos: ufa, mais uma dificuldade que passou, foi vencida. Agora – e por hora – está tudo bem. E assim será como já foram outras vezes e ainda provavelmente serão mais umas tantas, pois a vida é um amontoado de altos e baixos. Mas ficar a esperar esse momento nesse infindável recomeçar é um presente de grego da vida.

Existem saldos positivos nisso tudo: mais uma vez a vida confirma, através de suas surpresas, o marido/amigo/companheiro/parceiro/amor maravilhoso que me foi dado de presente, que faz de tudo pra me ver feliz independente de como ou onde, e que não vacila em estar ao meu lado nenhum momento se quer. O que é de uma pessoa na vida sem sua outra metade? E, outra vez, não precisa ser romântico, ok? A metade é mãe, pai, irmã, irmão, namoradx, amigx, ou quem quer que seja que esteja disposto a dividir o peso da vida com a gente. O que seria da vida sem eles?

Além disso, quando falei para alguns amigos queridos que estava disposta a voltar pra Educação só ouvi coisas positivas: “a Educação precisa de pessoas como você”, “seja muito bem vinda de volta”, “já estava na hora”, e por aí vai. Professores que me foram/são tão preciosos durante a vida acadêmica com o mesmo discurso de incentivo, ressaltando o quanto essa decisão de fazer o que nasci pra fazer é importante. Enfim, palavras de incentivo para a nova jornada não faltaram.

No final das contas, continuo sem entender o romantismo atribuído ao recomeço, a não ser pelo sonho de um caminho não mais fácil, mas mais compensador. E se a vida se revela cada vez mais difícil, o mundo cada vez mais hostil e a sociedade cada vez mais desumana, o que resta a nós, que temos sangue quente e coração cheio de amor e esperança a não ser sonhar e desviar dos percalços pra percorrer os sonhos?

Saldo de tudo:
- Novos planos, nova vida, nova casa.
- Mesmo amor, mesmo comprometimento, mesma dedicação.
- Necessidade urgente de dois empregos.


Vamos que vamos!