Hoje não falo de política, nem
sociedade, nem critico ou exalto nada. Na verdade, falo comigo e pra mim,
refletindo a letras postas sobre minha vida e decisões e mudanças e sonhos
(frustrados ou não)... Hoje, mais do que nunca, faço do blog realmente minha penseira.
Sempre que vejo alguém
falando/escrevendo sobre recomeço o tom da conversa é muito claro: como é
lindo, como é glamouroso, nobre é aquele que tem a coragem de recomeçar. No entanto,
alguém que fala isso já recomeçou alguma coisa algum dia na vida? Porque se o
fez e achou assim, tão maravilhoso, acho que hoje trilho o caminho errado.
Há três meses fiquei
desempregada. Posso atribuir vários sinônimos ao desemprego: desespero,
angústia, preocupação, dor de estômago, noites em claro, e por aí vai. Mas um
passo além da negatividade surgiu uma nova possibilidade: sair de um
emprego/função que eu nunca gostei (apesar de ter ficado nele durante anos) e
batalhar pelo meu projeto de vida: voltar para e Educação. Lá vou eu com mais
romances!
Solução: Ir embora de Porto
Alegre, cidade que sou apaixonada e que o marido ama e sente muita falta, para
mudarmos para Blumenau, cidade que também gosto (local onde meus pais moram,
logo, o processo é um tanto quanto facilitado pra mim), menor, com mais
possibilidades de emprego, custo de vida mais aceitável, essas coisas práticas
e óbvias para quem analisa de fora, mas difíceis para quem vive a opção feita.
Uma total readaptação. TOTAL.
Estamos nós aqui, os dois,
recomeçando. O recomeço em si não me afeta nem preocupa. Somos jovens ainda,
temos o apoio de nossas famílias, temos saúde e disposição para batalhar pelos
nossos objetivos. O que assusta é a falta de rumo, norte, direção. Chamem como
quiserem!
Aí alguém me diz: aaaah, mas você
quer recomeçar com o caminho trilhado? Não é assim, sentir-se perdida é normal.
Ok, até entendo. Mas porque entendo tenho que gostar ou me sentir confortável
com a situação? Não.
Parece um momento de cegueira.
Não se sabe onde procurar emprego. Não se sabe quanto esperar. Não se sabe o
que vai acontecer amanhã. Simplesmente não se sabe. E pra mim que sempre fui
tão dona da minha vida, o “não se saber” desce goela abaixo, só por falta de
opção.
Provavelmente daqui um tempo
olharemos para trás e diremos: ufa, mais uma dificuldade que passou, foi
vencida. Agora – e por hora – está tudo bem. E assim será como já foram outras
vezes e ainda provavelmente serão mais umas tantas, pois a vida é um amontoado
de altos e baixos. Mas ficar a esperar esse momento nesse infindável recomeçar
é um presente de grego da vida.
Existem saldos positivos nisso
tudo: mais uma vez a vida confirma, através de suas surpresas, o marido/amigo/companheiro/parceiro/amor
maravilhoso que me foi dado de presente, que faz de tudo pra me ver feliz
independente de como ou onde, e que não vacila em estar ao meu lado nenhum
momento se quer. O que é de uma pessoa na vida sem sua outra metade? E, outra
vez, não precisa ser romântico, ok? A metade é mãe, pai, irmã, irmão, namoradx,
amigx, ou quem quer que seja que esteja disposto a dividir o peso da vida com a
gente. O que seria da vida sem eles?
Além disso, quando falei para
alguns amigos queridos que estava disposta a voltar pra Educação só ouvi coisas
positivas: “a Educação precisa de pessoas como você”, “seja muito bem vinda de
volta”, “já estava na hora”, e por aí vai. Professores que me foram/são tão
preciosos durante a vida acadêmica com o mesmo discurso de incentivo,
ressaltando o quanto essa decisão de fazer o que nasci pra fazer é importante.
Enfim, palavras de incentivo para a nova jornada não faltaram.
No final das contas, continuo sem
entender o romantismo atribuído ao recomeço, a não ser pelo sonho de um caminho
não mais fácil, mas mais compensador. E se a vida se revela cada vez mais
difícil, o mundo cada vez mais hostil e a sociedade cada vez mais desumana, o
que resta a nós, que temos sangue quente e coração cheio de amor e esperança a
não ser sonhar e desviar dos percalços pra percorrer os sonhos?
Saldo de tudo:
- Novos planos, nova vida, nova
casa.
- Mesmo amor, mesmo
comprometimento, mesma dedicação.
- Necessidade urgente de dois
empregos.
Vamos que vamos!
Muito obrigado por escrever QUASE TODAS as minhas angústias [passadas e presentes]!!
ResponderExcluirDan, imagina. É tu que me representa em quase tudo que escreve :* :* :*
ExcluirBeijo grande!
Este comentário foi removido pelo autor.
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