quarta-feira, 21 de julho de 2010

Educação: a "arma" mais eficaz!

Quem acompanha jornais ou qualquer outro meio de comunicação tem se deparado, há algumas semanas, com tragédia atrás de tragédia. No blog, tendo como objetivo principal tratar de EDUCAÇÃO, não posso ficar alheia a tantos acontecimentos e começo esse post com luto pelo garoto que foi assassinado dentro da própria sala de aula. O mesmo garoto, em uma atividade, declarara a ambição de ser bombeiro para poder defender as pessoas. Notícias como namorado que assassina namorada e joga o carro no rio, ou jogador de futebol famoso acusado de comandar uma ação brutal e grotesca de extermínio, somadas a um histórico de violência que nos cerca no Brasil a ponto de estarmos prestes a uma guerra civil, nos fazem pensar quão banalizado está o fato de pessoas tirarem a vida uma das outras.


É muito triste quando nos damos conta que por mais que as campanhas voltadas a todo tipo de público quanto às drogas, violência sexual/física/psicológica, educação no trânsito, enfim, problemas que assolam a sociedade, estejam o tempo todo circulando em todos os veículos de comunicação, elas ainda sejam menores e tenham menos impacto do que a voz de um traficante, ou de um “magnata” que tem uma mente criminosa e grande facilidade de aliciar quem quer que seja, ou ainda de um namorado ou marido que se sente no direito de espancar e matar sua companheira. Será que um dia teremos uma sociedade mais civilizada e pacífica?

Quantas vezes ouvimos políticos encherem a boca declarando que o Brasil é um país sem guerras? E o que dizer da guerra civil instaurada no Rio de Janeiro, por exemplo? Isso se estende de forma geral por todo o Brasil, mas os acontecimentos nas favelas cariocas são os que mais rápido chegam aos noticiários. O que dizer de um garotinho (como milhares) que foi assassinado DENTRO DA SALA DE AULA? O que dizer de uma polícia que, em sua maioria, se alia aos criminosos por interesses financeiros e deixa a sociedade – público alvo do seu trabalho – a mercê do crime organizado, uma terra de ninguém? O que dizer dos políticos que são verdadeiros coronéis e não dedicam a mínima atenção para segurança pública, saúde e, finalmente, educação?


Não quero com tudo isso me unir a uma imprensa sensacionalista e oportunista para fazer alvoroço. Escrevi aqui um desabafo da minha indignação com tudo que tem acontecido e quero compartilhar uma reflexão que há tempos tenho feito.

Desde que, em 2005, comecei a trabalhar com adolescentes dos quais alguns tinham contato muito próximo com todo tipo de violência e negligência por parte da família e da sociedade, que meu maior interesse na educação se voltou para os direitos da criança e do adolescente. Por isso, apesar de me graduar em Letras, sempre procurei direcionar meu trabalho para a parte social da educação, ou seja, não me importar somente com as horas/aulas que estou com meus alunos, mas sim com a garantia de que essas horas tenham qualidade, assim como sua rotina em casa e na sociedade como um todo.


É partindo dessa reflexão somada a toda desgraça que tem assolado as páginas policiais dos jornais, que se torna cada vez mais forte a convicção de que a única esperança de que o Brasil seja um país melhor é a EDUCAÇÃO.


Quando falo isso a primeira coisa que escuto é: mas quem tem que trabalhar com bandido é a polícia, não o professor. Até aí tudo bem, concordo plenamente que quem tem preparação e obrigação para trabalhar com bandido é a polícia. Mas existe uma linha muito tênue entre um adolescente marginalizado e um bandido. A partir do momento em que um adolescente ou um jovem infrator é abandonado à própria sorte, o caminho mais fácil é a criminalidade. Como diria Gabriel Pensador, “A criminalidade toma conta da cidade”. No entanto, se esse adolescente é resgatado, tem acesso a educação e profissionalização assim como outras oportunidades e opções de vida, ele pode ter ao menos uma possibilidade de ter um destino diferente. Não digo aqui que ir até uma penitenciária e querer oferecer isso a todos os que estão presos vá fazê-los tornarem-se cidadãos de bem, com consciência social e boa índole. Essa situação nos remete a outro debate: o sistema carcerário, que não cabe ser abordado aqui porque, de tão vasto, merece uma postagem a parte. O que quero dizer é que se a Educação Pública for oferecida com qualidade, a evasão escolar for de uma vez por todas extirpada da sociedade, o acesso a universidades e cursos profissionalizantes for para todos – e não só para quem tem poder aquisitivo ou é beneficiário de cotas – e a garantia dos direitos da criança e do adolescente acontecer efetivamente, inclusive com adolescentes infratores que ainda podem ser arrancados da realidade deturpada em que vivem, existe a esperança de que a próxima geração, a geração dos meus filhos, tenha uma realidade social menos sanguinária. Os marginais que existem hoje não são Matusalém, em um determinado momento eles nos livrarão de suas indesejáveis presenças, e se a sociedade – valorizando a educação – “criar” cidadãos responsáveis que vivam com integridade, sejam críticos, saibam eleger seus governantes para que os coronéis (assim como os demais bandidos) não durem para sempre, existe a possibilidade de termos um país melhor.


Uma imagem vale mais que mil palavras. Abaixo uma garatuja de um menino que, mesmo sem ter ainda os traços definidos, retrata uma realidade dura e impiedosa.

A polícia tem sim que cuidar (e banir) dos bandidos, mas a EDUCAÇÃO É O ÚNICO MEIO DE IMPEDIR QUE ELES EXISTAM.







segunda-feira, 5 de julho de 2010

Um país em fúria!

Não tinha como deixar de escrever sobre a copa, não é?!



Pois bem, vamos lá. Mas não quero escrever sobre as seleções, técnicos, jogadores, convocações, etc., etc., etc. Quaro falar de tolerância, espírito esportivo, compreensão, coletividade. Alguém acha que uma coisa não tem relação com a outra? Pois mostrarei que estão intrinsecamente ligadas.



Os professores e acadêmicos – não só de Letras, mas de qualquer curso da área da Educação – que já estudaram, entre vários autores, Vygotsky, sabem que uma parte importantíssima da Educação de modo geral e principalmente da Infantil é o “educar brincando”, o tão famoso lúdico. Através dele a educação se torna mais divertida e proveitosa, o que possibilita o professor ser mais eficaz em seu trabalho. Além disso, através de jogos, gincanas, competições em geral, o professor pode – e deve – trabalhar noções de coletividade, de competição saudável e honesta, de espírito esportivo, além de uma das coisas mais importantes e que hoje é tão falha: a possibilidade de lidar bem com frustrações, derrotas, o tão famoso “você não conseguiu agora, mas pode tentar de novo”. Enfim, noções que teoricamente deveriam ser trabalhadas, no entanto, a sociedade é um reflexo de que isso não acontece.



Comecei o texto falando da copa porque essa semana o que vi em vários noticiários me deixou escandalizada. A seleção, como todos sabem, foi desclassificada nas quartas de final da Copa do Mundo da África do Sul. Ficou entre as oito melhores seleções do mundo, e ao voltar pra casa encontra um país voltado contra si. Os jogadores, ao chegar em determinadas cidades, tiveram que fugir, literalmente, de uma população enfurecida. Alguns, mesmo já estando em seus carros, foram agredidos verbalmente o tempo todo. Como se não bastasse, hoje assistindo um jornal local vi a seguinte enquete: “Quem foi o responsável pela desclassificação da seleção brasileira? Para votar no Dunga ligue para determinado número, para votar nos jogadores ligue para determinado número.” Ou seja, como se não bastasse uma população indignada, uma imprensa sensacionalista determina que as pessoas precisam ter raiva de alguém: ou do técnico, ou dos jogadores. Em momento algum foi dito que a seleção que ganhou era melhor, se esforçou mais e por isso teve melhor resultado, que daqui quatro anos pode-se tentar novamente, que se deve aprender com os erros e corrigi-los para uma próxima vez, enfim, lições importantíssimas que se mostraram totalmente ausentes.



Com isso alguém vem me perguntar: mas desde quando a educação é responsável por uma sociedade sem espírito esportivo e que não sabe lidar com frustração? E eu respondo que desde SEMPRE. Nós, professores, temos que formar nossos alunos para toda e qualquer adversidade, e que eles enfrentem a mesma com dignidade e senso de justiça consigo e com os outros. Além disso, precisamos formá-los para que sejam críticos e saibam, como Sócrates, usar a tática das três peneiras, ou seja, “peneirar”, filtrar o que escutam nos jornais, programas em geral, nas revistas e até mesmo na própria escola, e construir uma opinião sobre tudo. Se isso começar finalmente a acontecer, no futuro teremos uma sociedade menos manipulável e mais dona de suas verdades, onde a coletividade, a solidariedade, o reconhecimento do esforço alheio, enfim, valores estarão acima de um instinto puramente irracional.


Deixo uma foto para reflexão. Eis um homem com todas as qualidades que citei anteriormente. Que teve compaixão do seu algoz e se fortaleceu em uma experiência dura e sofrida para mudar um país. Tomara que ao menos algumas lições tenham sido agregadas com a Copa do Mundo na África do Sul, que tráz uma história de superação começada por Nelson Mandela e continuada, diariamente, pelo seu povo.