sexta-feira, 6 de janeiro de 2012

A estante dos livros!

Eu simplesmente ADORO o começo do ano. Não é pelo simples fato de estar de férias – apesar disso colaborar bastante – mas sim pelo frescor nas ideias.

Como de costume, fiz uma mega arrumação nos livros, revistas, materiais antigos da faculdade, enfim, uma revolução. A cada material que eu pegava era impossível apenas reorganizá-lo; eu tinha que abrir, ler, comentar, lembrar...uma delícia.

E cada vez que fazia isso pensava “nossa, isso seria legal levar pra sala (de aula) pra trabalhar dessa forma, ou daquela, ou de uma outra...olha essa literatura, que delícia...meu Deus, nem lembrava que tinha esse livro, meus alunos vão adorar...” e por aí vai.

Quando me dei conta já tinha anoitecido, e de toda a minha lista de afazeres, não saí do primeiro e mesmo assim fiquei muito realizada.

Por isso cada vez que paro e penso o porquê ainda sou professora diante de todas as dificuldades, a explicação não tem como ser dita; apenas sentida, entendida...encontrada na arrumação dos livros.

Infelizmente (ou felizmente, vai saber) o tempo só me permite fazer isso no começo do ano...mas quem sabe o acaso se encarrega de deixar que isso aconteça exatamente porque é tempo de reflexão, criação, motivação...

O que interessa é que a cada vez que penso em preparar uma aula, propor uma atividade, explicar algo, questionar, argumentar, fomentar, me sinto revigorada e cheia de disposição pra esse 2012 que me espera...que nos espera.

Para começar bem o ano deixo um poema de Carlos Drummond de Andrade, fantástico na sua simplicidade como toda a sua obra:

“Não serei o poeta de um mundo caduco.
Também não cantarei o mundo futuro.
Estou preso à vida e olho meus companheiros.
Estão taciturnos mas nutrem grandes esperanças.
Entre eles, considero a enorme realidade.
O presente é tão grande, não nos afastemos.
Não nos afastemos muito, vamos de mãos dadas.

Não serei o cantor de uma mulher, de uma história,
não direi os suspiros ao anoitecer, a paisagem vista da janela,
não distribuirei entorpecentes ou cartas de suicida,
não fugirei para as ilhas nem serei raptado por serafins.

O tempo é a minha matéria, o tempo presente, os homens presentes,
a vida presente.”

(Mãos Dadas)