domingo, 24 de fevereiro de 2013

A democracia da ditadura.

O assunto que quero abordar não me sai da cabeça há alguns dias, era sobre isso, inclusive, que eu escreveria ontem, mas quando a coisa tomou um rumo diferente deixei fluir. Quando estava escrevendo com certa frequência fazia mais ou menos um post por semana, não por nada específico, só por mania. Mas preciso escrever isso hoje... PRECISO.
Eu sou – e quem me conhece sabe bem – muito crítica a tudo que diz respeito ao Brasil. Não é porque nego minha nacionalidade e nem porque não gosto do meu país. Muito pelo contrário, amo meu país, amo ser brasileira, amo fazer parte de um povo que é tão bem quisto pelo mundo. As críticas que faço são tentando entender o porquê de haver tanta coisa errada acontecendo quando na minha cabeça é tudo tão claro.
Pois bem, eu já escrevi há tempos atrás sobre a questão das tais “cadeiras dos partidos” e o quanto elas burlam a nossa democracia (Democracia? Eu acho que não.), por isso não tem como pintar um quadro onde tudo é lindo e o Brasil é o país mais democrático do mundo... longe disso.
No entanto, podemos sim nos orgulhar de ter a liberdade de falarmos o que quisermos, de publicar nosso voto falando em quem e porque votamos, podemos fazer passeatas e reivindicações de todos os cunhos possíveis e imagináveis – exemplo disso foi a campanha FORA RENAN CALHEIROS que permeou a internet nas últimas semanas tendo milhões de assinaturas.
Essa liberdade de certo modo foi conquistada através dos anos e custou caro: repressão, exílios, censura de todas as formas de arte, jornais sendo fechados, muitas mortes na queda de braço da sociedade civil contra o “militarismo”, enfim, foi tudo muito difícil como qualquer conquista. Por tudo isso, pra mim o óbvio é que a liberdade de expressão fosse sempre valorizada e que o direito das pessoas de falar valesse sempre, acima de tudo.
Quero deixar bem claro que o que será escrito agora não tem NADA haver com a defesa de uma organização política e social que eu, por sinal, desconheço, mas sim com a forma que tratamos a liberdade de expressão aqui na nossa tal Pátria Amada Brasil. Eu fiquei e ainda estou abismada com a recepção dada à Yoani Sánchez e com o burburinho desde sua chegada. Como disse, não estou defendendo e nem criticando suas ideias e nem o regime de Cuba, até porque não posso falar disso com propriedade. O que me impressiona é a hipocrisia das mesmas pessoas que defendem a democracia e enchem o peito para falar que os grandes figurões do seu partido lutaram sem medir forças para garanti-la, barrarem o direito de falar de uma pessoa que está APENAS defendendo seus ideais. É a mesma coisa que faço aqui e que cada um faz onde quiser. O centro da questão não é ela estar certa, mas sim os brasileiros que tomaram essa postura repulsiva estarem errados.
Eu lembro perfeitamente que quando aconteceu o escândalo de Cesare Battisti e o então Presidente da República Luiz Inácio Lula da Silva vetou a extradição do mesmo, não houve nem 10% das manifestações das últimas semanas. Considerando que Sánchez é uma blogueira defendendo uma ideia e Battisti um assassino condenado à prisão perpétua em seu país, a mim parece óbvio qual deles não deveria estar no Brasil. No entanto, não é isso que vi na época e vejo hoje. Se alguém pudesse me explicar o porquê dessa discrepância de valores, eu agradeceria.
Eu me estendi mais do que deveria, mas é só porque realmente gostaria de entender porque as pessoas são tão influenciáveis pelo momento, pelos seus partidos políticos, pelos jornais vazios e discursos evasivos.
Se se defende o direito de falar, que TODOS possam. Se se defende o direito de manifestar, que TODOS possam. Mas é preciso tomar cuidado para que a minha manifestação não cale a voz do discurso do próximo.

Para encerrar, uma charge que achei muito pertinente:

** Yoani Sánchez por Maurício Ricardo.

sábado, 23 de fevereiro de 2013

Crise de criatividade?


Eu nem tinha me dado conta que já fazia mais de um ano que não escrevia... Abri o blog assim, só por abrir, olhei a data da última postagem (06/01/12) e pensei: “Meu Deus, como é que não tem um monte de ideia engasgada? Como é que não tem letras e palavras e frases e parágrafos e textos saindo pelos meus ouvidos?”
Foi então que entendi a resposta e não tem nada haver com crise de criatividade: o ser humano é conformista. Deixei novamente de dar aula devido à nossa (minha e do meu esposo) volta para Porto Alegre. Trabalho no comércio e estou ocupada praticamente da hora em que me levanto à hora em que vou dormir. Mas nos poucos momentos de tranquilidade em meio ao chimarrão, ou ao almoço, até mesmo no banho, volta e meia surge como um sininho nas ideias um assunto e penso: “poderia eu escrever sobre isso no blog?!”, e de repente, não mais que de repente, o ímpeto passa e não escrevo. Fiquei muito triste ao ver que tenho feito isso por um ano. Isso não se faz.
Sempre me preocupei – e ainda me preocupo – com a qualidade e sanidade dos meus pensamentos. E tenho uma convicção de que quando eles não são exteriorizados e nem tomam corpo, a mente atrofia, para de pensar. Neurose? Talvez, mas o que é a vida se não um amontoado delas dentro da nossa cabeça?
Acredito que uma ideia, quando é concebida, tem que logo nascer. Quem garante que as correntes filosóficas que tanto conhecemos; que Best Sellers aclamados e revoluções científicas e tecnológicas não aconteceram dessa forma?
Naqueles momentos de tranquilidade que falei logo acima, principalmente nos últimos tempos, eu quis falar sobre várias coisas, mas se for acumular tudo em um post só (tendo fazendo toda essa introdução sobre mim mesmo), os assuntos não teriam aqui a mesma clareza com que estão dispostos na minha cabeça. Então acho melhor ir por partes: primeiro me comprometer a voltar a escrever, e depois organizar minhas ideias em novos textos.
Nada de gavetas para não trair meu amado Paulo Freire, apenas uma ordem de pensamentos para que muito assunto não se perca e, com eles, a chance de uma abordagem a mais na rede para se somar com o monte de convicções que todo mundo tem de tudo.
E da forma mais inesperada, hoje, um sábado de Fevereiro, falei um pouco de mim...sem política, sem educação, sem um tema central...só eu. Simples assim. E quer saber, foi bom!