quinta-feira, 29 de dezembro de 2011

Eu desejo que...

...Que sejamos muito comprometidos com as causas que assumimos;

...Que nos dediquemos incansavelmente aos nossos objetivos;

...Que busquemos renovação e rompamos com antigos paradigmas;

...Que sejamos compreensivos SEMPRE, mas que isso não nos torne omissos;

...Que tenhamos fé nas pessoas e sejamos justos e imparciais em nossos julgamentos;

...Que exerçamos nossa cidadania;

...Que tenhamos coragem de participar ativamente da nossa sociedade;

...Que consigamos valorizar nossa família;

...Que tenhamos a percepção do valor das pequenas coisas;

...Que sejamos melhores do que fomos ontem e que isso seja uma busca diária;

...Que possamos valorizar a curiosidade de uma criança e a sabedoria de um idoso;

...Que nossos valores evoluam;

...E que consigamos fazer de 2012 o melhor ano de nossas vidas até agora.

São meus votos para todos nós!


Grande abraço e até ano que vem... :D




quinta-feira, 22 de dezembro de 2011

Londres 2012 - Isso sim é que é legado!

Hoje quero falar de um assunto que não tem ligação direta com a educação, a não ser pelo fato de PRECISARMOS, cada vez mais, formar alunos críticos e atuantes na sociedade.
Bom...essa semana eu assisti um documentário sobre as Olimpíadas de Londres ano que vem, em um canal de esportes, e fico me perguntando por que ainda tem gente que acredita que o Brasil está em desenvolvimento – quando nessas horas é claramente notável que não está.
Qual é o legado que a Copa (2014) e as Olimpíadas (2016) deixarão para o país?
A Copa deixará estádios gigantescos que não terão nenhuma, repito, NENHUMA função social além de serem elefantes brancos por aí. O investimento em transporte público simplesmente não tem acontecido. Faltam dois anos para a Copa do Mundo e, pelo menos eu, não vejo nada. Em Porto Alegre, por exemplo, a presidente Dilma alegou que não será feito metrô por que não ficará pronto até 2014. Que bom que um dia depois da copa cairá um meteoro lá, extirpando a vida na cidade e tornando o metrô desnecessário. Por favor!
Até agora eu não consegui vislumbrar NADA que seja benefício da população. Aí vem alguém e diz: “Mas esses estádios são investimento em esporte”. NÃO SÃO. Investimento em esporte é qualificar professores de Educação Física e contratá-los para trabalhar em contra turno escolar, tirando a criançada da rua e oferecendo estrutura e atividade física de qualidade. Estádios multimilionários sendo feitos, em sua esmagadora maioria com dinheiro público, é jogar o dinheiro pelo ralo e dar descarga.
Falando de Olimpíadas então, dá até vergonha. Onde será realizada? Na Barra da Tijuca – lugar ou um dos lugares com menos necessidade de investimento do Rio de Janeiro. Várias reportagens foram feitas com moradores de periferias cariocas sobre o benefício que receberão e a resposta foi sempre a mesma: “não recebemos nada, aqui não chega benefício nenhum”.
Preciso dizer mais alguma coisa?
Mas voltando a reportagem, foi mostrado o parque olímpico projetado, e a organização é inacreditável. Aquilo sim é um legado. Explico:
Ele foi projetado para ser construído no bairro de Stratford, situado ao Leste de Londres em uma parte subdesenvolvida da cidade. Por quê? Para valorizá-lo, investir nele. A proposta foi fazer uma obra sustentável, e isso não ficou só no papel.
Primeiro: o local tinha torres e antenas com fiação elétrica, então foram feitos dois túneis gigantescos para que tudo isso passasse em baixo da terra. Enquanto isso era feito, constatou-se que a terra era tóxica devido as fábricas da redondeza lançarem resíduos indevidamente em qualquer lugar sem tratamento. O que foi feito? Um processo longo e trabalhoso de limpeza da terra. De repente os organizadores se depararam com a falta de mão de obra capacitada, e o que fizeram? CAPACITARAM. Os moradores da própria região fizeram especializações para serem qualificados nos trabalhos que precisavam realizar. Quer legado maior? Além de emprego, ganharam uma profissão.
O transporte dos materiais também foi importante. Como caminhões, além de congestionarem o trânsito, não são nada sustentáveis devido a emissão de gases na atmosfera, os mesmos foram deixados de lado. O transporte, em sua grande maioria, foi feito por embarcações e trens. Isso agilizou o processo emitindo uma quantidade infinitamente menor de poluição.
Como uma das propostas do parque é a revitalização da região, foram preparadas para o plantio milhares de árvores – árvores essas que foram cultivadas há anos e serão (ou já foram, não estou certa) apenas transferidas para o lugar.
Algumas das obras – estádios diversos, piscinas, pistas, etc – serão temporárias, podendo ter partes removíveis para serem usadas em outras situações, deixando o parque utilizável para todo e qualquer evento.
Os apartamentos construídos serão, após o término dos jogos, vendidos à população de baixa renda. Lembram que isso aconteceria no Pan, aqui no Brasil? Lembram do desfecho?
Um detalhe muito importante disso tudo é que os responsáveis pelas obras do parque olímpico de Londres são profissionais das áreas necessárias: engenheiros, arquitetos, engenheiros florestais, gerentes de companhias de barcos e trens, construtores, etc...Durante toda a reportagem não apareceu NENHUM governador, deputado federal ou estadual, ministro dos esportes ou de desenvolvimento e todo esse blá blá blá. Apareceram apenas especialistas, e não oportunistas.
Com tudo isso eu fico me perguntando: COMO alguém pode falar que o Brasil tem condições de sediar grandes eventos? Qual é o legado que isso tudo deixará além de um rombo nos cofres públicos?
As Olimpíadas de Londres foram orçadas em 12 bilhões. Se somar só o valor da construção dos estádios no Brasil o valor já se aproxima. ESTÁDIOS, entendem, que para a população de modo geral não servem pra nada.
Londres tem esses 12 bilhões, o Brasil não. 

Não mesmo? Olha que procurando se acha, né?!

domingo, 18 de dezembro de 2011

A arte de reprovar!

Antes de mais nada quero deixar bem claro que as perguntas que lançarei aqui não tem respostas – pelo menos eu não as tenho – mas preciso exteriorizá-las para estender estes questionamentos.

Esse final de ano passei por uma experiência nova: os conselhos de classe. Até então, como eu não trabalhava no ensino regular, isso não tinha sido necessário. Aprendi muito, muito mesmo, inclusive a desconstruir paradigmas que eu mesmo estipulei.

Quando eu ouvia alguém dizer “fulano passou por conselho”, eu ficava pensando o tamanho do absurdo que isso representava: ora essas, não tirou nata, reprova! Que pensamento retrógrado e cainho, santo Deus.

Agora vejo com mais clareza o peso que essa decisão, que é minha e de outros professores, tem na vida do aluno.

Pois bem, voltando ao início, esse ano tive conselhos de classe. Eu praticamente me descabelei de tanta preocupação.

Imaginem que o Joãozinho (sempre ele, coitado) está no 6º ano e não conseguiu nota suficiente por diversos motivos (falta de atenção, bagunça, dificuldade). Fez exame final em várias disciplinas, mas mesmo assim não atingiu a média e ficou dependendo da aprovação do conselho de classe. O Joãozinho, como vem de outras reprovações, já tem 14 anos – enquanto as crianças dessa turma tem, em média, onze.

No mesmo contexto do Joãozinho, temos também o Zezinho, mas ao invés de 6º ano ele está na 6ª série, vendo a turma que começou o Ensino Fundamental com ele na 5ª série se formar, e ele nada. O Zezinho, além disso, precisava tirar 8,0 na exame final em Língua Portuguesa (com a pessoa que aqui vos fala) e tirou 6,5 – maior nota da sala.

E em terceiro lugar vem o Luizinho, que já tem 16 para 17 anos – idade de completar o Ensino Médio – e ainda está na 8ª série.

Eu me pergunto: DO QUE ADIANTA REPROVÁ-LOS NOVAMENTE? Qual será o tipo de trabalho diferenciado feito com eles para que aprendam de uma forma que, nitidamente, não aprenderam até hoje? O que eles, a escola, os professores e os colegas de turma ganharão com essa reprovação? Qual é a probabilidade de alunos que reprovaram 2 ou 3 vezes serem aprovados tendo as mesmas aulas sempre? Que condições nós, professores, temos de preparar uma aula diferenciada para esse aluno que precisa de um olhar especial? Tudo isso me perguntei antes do conselho de classe, para ter uma fala pronta quando me fosse perguntado: “o que você acha?”

Mas, parafraseando o Capitão Nascimento, “quem disse que a vida é fácil parceiro?”. Ao chegar no conselho sem discurso pronto mas sabendo o que queria defender, percebi uma coisa que me deixou triste – e nem é sobre o Joãozinho, o Zezinho ou o Luizinho. Quando a coordenadora lançava para o conselho decidir a aprovação ou reprovação de alguns alunos, surgiam os comentários: esse não merece, só bagunçou o ano todo, quase me enlouqueceu, etc etc etc...Eu realmente acredito que isso seja verdade, na verdade eu SEI, porque também tive alunos assim no decorrer do ano, mas a aprovação se dá pelo cognitivo ou pelo comportamental? Por que a partir do momento que for pelo comportamental poderemos reprovar metade da escola.

Como eu disse anteriormente, as minhas perguntas não tem respostas – pelo menos, por enquanto, não para mim. Mas elas precisam ser feitas.

É preciso que analisemos sempre e cada vez mais as atitudes que tomamos, principalmente em situações tão decisivas. Uma reprovação muda por completo a vida escolar do aluno. Isso quer dizer que eu acho que todos tem que passar de ano? Não, mas acredito que precise reprovar quem teve dificuldade de aprendizagem, quem ainda não é 3 ou 4 anos mais velho que a turma toda, quem receberá, no ano seguinte, um aula diferenciada para que consiga aprender como não conseguiu até então, enfim, a reprovação precisa ser uma segunda chance, e não um sistema de punição.

Os conselhos de classe acabaram, mas eu sabia que o meu próximo post precisava ser sobre eles porque ainda estão aqui, vagando no meu inconsciente.

terça-feira, 13 de dezembro de 2011

Descobertas!!

Apesar de ter me comprometido a não interromper as postagens, não consegui. No entanto, existe um motivo: finalmente, depois de muito tempo, consegui estar em sala de aula exatamente na minha área de atuação: Língua Portuguesa.
O frio na barriga foi inacreditável...que MEDO!
Muita novidade, muita informação, muita responsabilidade, burocracia, trabalho...meu Deus quanto trabalho.
Mas me realizei imensamente e 2011 é um ano que, para mim, se encerra lindamente.
Nesse meio tempo conheci pessoas inacreditavelmente maravilhosas. Professores aos quais, a todo momento, remeto meus pensamentos e questiono minha prática baseada nas muitas observações que fiz dos mesmos.
Que delícia conviver com pessoas assim!
Descobri também que a sala de professores é uma torre de Babel, sim, exatamente isso. Tem pessoas falando em todos os idiomas possíveis: a língua da liberação, do tradicionalismo, da crítica, do elogio, do individualismo, do trabalho em grupo...enfim, vários idiomas pedagógicos.
Compreendi melhor o sistema de aprovação e reprovação, e que devemos nos cuidar para que isso se dê com base em uma análise cognitiva, e não comportamental. Observei, na prática, a questão das múltiplas habilidades, e passei a valorizar ainda mais a interdisciplinaridade.

Ganhei rosas, meu Deus, ganhei rosas. Assim como uma mensagem lindíssima de uma turma maravilhosa, que me emocionou grandemente juntando moedas de cá e de lá para me presentear com as flores mais lindas do mundo.
Espero realmente que eu consiga manter a regularidade dos posts, e que o blog volte a ser uma ferramenta de expressão e comunicação. Assuntos, tenho muitos! Coisas a dizer então, nem se fala. Meu único problema é meu dia não ter 35 horas... haha

segunda-feira, 30 de maio de 2011

2° Tempo...de vida!!

E depois de um longo e tenebroso inverno, cá estou eu escrevendo novamente. Demorei tanto para voltar ao blog porque queria escrever sobre algo significativo. Não pra ninguém, mas pra mim.



Fiquei com muita vontade de escrever sobre o bullying (mais?), a tragédia em Realengo, as greves dos professores de diversos estados, a polêmica do novo livro didático aprovado pelo MEC, enfim, assuntos não faltaram. Mas o que eu mais queria era escrever sobre a minha vivência em sala de aula. Então “de repente, não mais que de repente”, surge finalmente a oportunidade de voltar. E voltei. Voltei com a pilha toda e tenho trabalhado tanto que o blog ficou em segundo plano, mas não mais.




Não consigo nem pontuar do que senti mais falta enquanto fiquei fora de sala. Não sei dizer se foi da vivência por si só, ou de perceber o envolvimento dos alunos com as minhas propostas, ou ainda receber seu carinho e ser referência pra cada um em determinado momento. Nossa, acho que foi um conjunto de tudo isso.




O desafio tem sido muito grande, pois estou trabalhando com uma turminha que, pra mim, é toda novidade. Há um tempo comentei com alguns amigos que essa nova experiência tem sido maravilhosa, mas muito cansativa, e que as crianças de seis anos tem me dado uma surra (metáfora, ok!) todos os dias. Nesse exato momento uma amiga que também dá aula para primeiro ano falou: “nossa, uma frase nunca definiu tão bem minha vida.” Mas sabem como fizemos essas observações? Com um grande sorriso no rosto.




Essa tem sido minha constante no último mês: um grande sorriso no rosto. As outras constantes são: muito, mas muito trabalho de casa, bolsas e mais bolsas pesadas com livros e todo tipo de materiais pra lá e pra cá, avaliações bimestrais e feiras culturais se finalizando, enfim, é trabalho que não acaba mais, mas não dizem que o trabalho enobrece a alma? Pois é. Há tempos não me sentia tão realizada profissionalmente, tão feliz por fazer realmente o que amo: EDUCAR. E é por isso que, finalmente, estou pronta para voltar a escrever.




Como não podia deixar de ser, quero finalizar com uma música do cd do Toquinho sobre os direitos da criança. A música se chama “Herdeiros do Futuro” e define muito bem os principais conceitos da educação que eu acredito ser a ideal!!



Herdeiros do Futuro



Composição : Toquinho / Elifas Andreatto



"A vida é uma grande
Amiga da gente
Nos dá tudo de graça
Prá viver
Sol e céu, luz e ar
Rios e fontes, terra e mar...



Somos os herdeiros do futuro
E pr'esse futuro ser feliz
Vamos ter que cuidar
Bem desse país
Vamos ter que cuidar
Bem desse país...



Será que no futuro
Haverá flores?
Será que os peixes
Vão estar no mar?
Será que os arco-íris
Terão cores?
E os passarinhos
Vão poder voar?...



Será que a terra
Vai seguir nos dando
O fruto, a folha
O caule e a raiz?
Será que a vida
Acaba encontrando
Um jeito bom
Da gente ser feliz?...



Vamos ter que cuidar
Bem desse país
Vamos ter que cuidar
Bem desse país...



Será que no futuro
Haverá flores?
Será que os peixes
Vão estar no mar?
Será que os arco-íris
Terão cores?
E os passarinhos
Vão poder voar?...



Será que a terra
Vai seguir nos dando
O fruto, a folha
O caule e a raiz?
Será que a vida
Acaba encontrando
Um jeito bom
Da gente ser feliz?...



Vamos ter que cuidar
Bem desse país
Vamos ter que cuidar
Bem desse país..."










quarta-feira, 26 de janeiro de 2011

Ela pede socorro!

Como gosto de escrever sempre de coisas que estão acontecendo, hoje o assunto não poderia ser outro se não toda essa tragédia na região serrana do Rio de Janeiro. O luto das pessoas por seus amigos e familiares, a dor da perda de bens conquistados com uma vida de trabalho, enfim, o sentimento de tristeza em geral já foi mostrado de todos os ângulos por toda imprensa – até de forma sensacionalista, eu diria. Nesse momento de comoção coletiva e preocupação em oferecer socorro, é quase impossível refletir sobre o assunto. Mas as pessoas que estão distantes e por isso sentem-se menos atingidas – como eu, por exemplo – tem a obrigação de pensar em porquês, e mais importante que isso, refletir sobre uma cadeia de acontecimentos que se repetem, matam, desolam, e não cessam.

Em 2008 as enchentes e desmoronamentos que assolaram o Vale do Itajaí, em Santa Catarina, chocaram o Brasil e ganharam destaque até em jornais internacionais. Eu estive muito próxima de abrigos, lugares que desmoronaram, pessoas que perderam familiares, bens, e até mesmo a vida. Enfim, os cenários se transformaram e Blumenau, que sempre foi uma cidade linda, estava parecendo cenário de guerra. Por mais que a região já tivesse sofrido com enchentes devastadoras na década de 80, nenhuma trouxe tantos óbitos, pois era apenas o aumento do nível da água. Em 2008 o maior problema foram quedas de barreiras em vários lugares, varrendo casas e até bairros. Qual foi a diferença? Na década de 80 o número de ocupações em encostas e beira de morros e barrancos era extremamente menor do que hoje. Onde quero chegar com isso? Eventos da natureza, por si só, não são tão devastadores. Mas onde tem a mão do homem a tragédia pode ser muito, mas muito maior.


Tudo isso sem falar em tudo que aconteceu em Minas Gerais e no Espírito Santo em 2009, na tragédia que varreu Alagoas em 2010, nas freqüentes desgraças noticiadas em São Paulo e no Rio de Janeiro, e assim por diante.


Especialistas que estão estudando tudo que aconteceu (e ainda está acontecendo) na serra do Rio afirmam que o evento de desmoronamento acontece, naquela região, há centenas de anos. O diferencial é que há tempos atrás a terra que desmoronava tinha espaço suficiente para chegar onde fosse preciso sem fazer estrago, e hoje não tem mais. Quero somar a essa informação outro trecho de entrevista onde um especialista em solos fez um comparativo muito interessante: as pessoas falam, quando o rio sobe, que ele está no seu quintal. Mas na verdade, são as casas que estão no quintal do rio.


Esse é o raciocínio básico para chegar ao objetivo que quero com tudo que escrevi: as tragédias são tristes, muito, mas muito tristes. As perdas são imensas e muitas vezes insuperáveis. No entanto, elas acontecem há décadas e nada é feito. Digo isso porque a região serrana do Rio, por exemplo, considerada por especialistas como região de alto risco, foi loteada, vendida, recebeu toda infraestrutura como água, luz, TV a cabo, etc., para que fosse ocupada. Onde estavam as autoridades e os especialistas para dar um basta na ocupação visando, não o lucro, mas sim a vida?


Em Blumenau foi criada uma secretaria municipal só para prever fenômenos climáticos e tomar a atitude necessária para que não acabem em desastre. Se é uma atitude válida? Com toda certeza. Mas em uma região como essa, que já foi vitimada outras vezes, a secretaria podia existir antes de morrerem centenas de pessoas e outras tantas perderem tudo que tinham. Digo a mesma coisa sobre o Rio de Janeiro, e pode se estender para São Paulo, Minas Gerais, e assim por diante.


O poder público, independente da vontade dos moradores, tem por função priorizar o bem estar da população. É preciso mais seriedade na hora de construir loteamentos e estruturá-los, mais fiscalização com as áreas de risco, mais firmeza em tirar delas moradores irregulares, e acima de tudo, mais respeito com a natureza.


Essa sequência interminável de desgraças não vem à toa e nem é coincidência, mas sim uma resposta da natureza à implacável mão do homem. O aquecimento global, as queimadas, a falta de respeito com a fauna e a flora, a poluição dos rios e ocupação da sua margem, a destruição da mata ciliar, enfim, um conjunto imenso de desrespeitos e maus tratos com a natureza e o meio ambiente traz uma resposta implacável dos mesmos: destruição.


Por isso um dos trabalhos mais importantes da educação hoje é desenvolver nas crianças e suas famílias uma consciência de cuidado ambiental, incentivar a reciclagem, a plantação de mudas para reflorestamento, mostrar como é errado jogar lixo na rua ou nos riachos, enfim, coisas tão simples que podem evitar tanta tragédia.


Da mesma forma que cabe ao poder público como um todo, com um trabalho a curtíssimo prazo, privar pela vida dessas pessoas evitando que estejam em situação de risco, cabe a educação, em longo prazo, conscientizá-las para que não estejam mais nessa situação: nem morando em lugares de risco, nem poluindo, nem maltratando a natureza e desrespeitando seu espaço.


Ela pede socorro, e seu algoz é o homem.